Fora do território judaico, numa região onde não reina a concepção davídica do Messias, Jesus propõe a seus discípulos a questão de sua identidade. A opinião do povo a respeito de Jesus é que ele seria João Batista, Elias, Jeremias ou algum outro profeta. Pedro, em nome do grupo, responde: “Tu és o Messias, o Filho de Deus”. Jesus confirma a resposta de Pedro, proclamando-o feliz e mudando-lhe até mesmo o nome, como sinal da nova missão que terá pela frente.
A pergunta de Jesus é dirigida também a nós: Quem sou eu para vocês? A exemplo de Pedro, cabe-nos ir além das definições contidas nos manuais
de catequese ou da especulação popular. O reconhecimento de Jesus não é fruto só de suposições ou de teorias sobre ele, mas principalmente da
experiência com sua pessoa e vivência de sua mensagem. Mais do que
palavras, o Mestre quer o empenho, a ação, a prática, a atitude.
Jesus constrói sua Igreja sobre o testemunho de fé da comunidade. Trata-se de processo contínuo. É com as pessoas que o confessam que nasce a comunidade. A fé desta constitui o fundamento da Igreja, tornando-a
capaz de dominar as forças contrárias. Só há Igreja se nela estiver presente Jesus Cristo.
Normalmente nós questionamos a Deus sobre o porquê disso e o porquê daquilo. No evangelho deste domingo, é Jesus que nos interroga: Quem sou eu? O que vocês pensam de mim? Pelo fato de termos fé em Deus, parece às vezes que nos damos o direito de questioná-lo, submetê-lo às nossas
dúvidas. Somos nós que devemos prestar-lhe conta da nossa fé e dos compromissos derivados dessa fé.
Jesus felicita Pedro pela resposta acertada. O apóstolo soube captar o
que o “Pai que está no céu” lhe revelou. O que ele respondeu não foi inspiração do ser humano, mas de Deus. Pedro é felicitado não porque
fala, mas porque escuta. Sempre que escutarmos a voz do Pai celeste, acertaremos em nossas ações cotidianas. “Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática.”
Pe. Nilo Luza, ssp
